Boa informação é o melhor remédio contra movimentos antivacina
RIO – Os movimentos antivacinação estão se espalhando mundo afora, e isso é um perigo não só para as crianças mas também para a população em geral, em especial indivíduos mais vulneráveis a infecções. Felizmente, porém, também há uma “vacina” contra o avanço destes movimentos: a boa informação. E é em defesa de esforços neste sentido que trabalha o médico israelense Ron Dagan. Um dos mais respeitados especialistas em pneumonias e na epidemiologia de doenças evitáveis com vacinas do mundo, Dagan participa esta semana, no Rio, do XX Congresso Brasileiro de Infectologia (Infecto2017) e faz um alerta: mesmo países com longa tradição pró-vacinação, como o Brasil, não estão livres do crescimento destes movimentos.
Como o senhor vê o avanço dos movimentos antivacinação pelo mundo?
Os movimentos antivacinação estão espalhados por todo o mundo, mas é preciso entender que nem todos os pais que hesitam em vacinar seus filhos são de fato contra vacinas. Eles captam ideias dos movimentos antivacinação, ouvem falar, e têm dúvidas. Assim, é um importante papel seja das autoridades, associações ou dos profissionais de saúde ser capaz de entender como são as vacinas, como funcionam, e explicar isso para população.
É uma questão de educação então?
Não, muitos dos pais hesitantes são pessoas com bom nível educacional, mas que procuram na internet e muitas vezes não obtêm a informação certa ou não têm a oportunidade de uma conversa individual com um profissional de saúde sobre o assunto. Hoje as pessoas querem mais informação. Elas não acreditam mais cegamente na medicina ou nos sistemas de saúde. Temos uma nova geração acostumada a ter muita informação, mas o problema é que em meio a isso há muita desinformação. E quando você tem muita informação, você acaba confuso. Nosso papel como profissionais de saúde, portanto, não é só dar mais informações, mas pegar o que as pessoas acham que sabem e mostrar a elas o que está certo ou errado.
Seria este esforço para passar boa informação para o público um tipo de “vacina” contra a disseminação da antivacinação?
Definitivamente é uma medida de prevenção. No Brasil, por exemplo, muitas pessoas têm um nível educacional baixo, mas sabem da importância da vacinação. Mas acredite em mim: isso vai mudar. Haverá cada vez mais e mais pessoas com melhor nível educacional que serão atraídas por estes movimentos. Então a hora é agora de dar mais informação, conversar com as pessoas, treinar os profissionais de saúde para explicar o funcionamento das vacinas e a importância da vacinação de forma que quando estas novas gerações de brasileiros chegarem com suas dúvidas e hesitações, elas terão as respostas que querem e precisam.
fonte: https://goo.gl/Vx6GcK